segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

The Birth and Death of the Day

Escondo-me em palavras, mesmo que tudo ao meu redor pareça desmoronar. Cavo túneis estreitos e desesperadores que levam a todos os lugares e a lugar nenhum. Tento escapar da repugnante realidade que me bate à cabeça e arranca lágrimas pesadas dos olhos a cada sussurro, a cada volátil rastro de qualquer coisa que eu veja estender-se à frente. Disseram-me que faz mal esperar, mas não me rendo: finco meus pés aqui onde estou e fico em silêncio. Não grito. Não tenho força para fazer com que som algum perpasse minha garganta. Mas escrevo, porquanto assim não me vem à mente tudo aquilo que um dia confessei-lhe e, em resposta, tampouco vem o que seus lábios compuseram sobre meu ouvido. E fico assim, espero a eternidade cobrir a grama verdinha com um tapete sobre o qual eu possa deslizar, deslizar... sem que seja necessário pensar sobre qualquer coisa. Como a infância, quando sua voz não era melodia em mim, quando o compasso do seu coração não controlava o meu, quando nada - além de sorrisos, abraços, açúcares e bonecas - fazia sentido. A verdade é que não te espero, mas outras coisas: espero sentir que ainda vivo, espero a brisa da primavera, espero que minhas risadas ecoem nos extensos e vazios salões em que me deito e fecho os olhos. Talvez tudo que me rodeia seja falso... Reinvento tudo. Crio a alegria; a saudade nasce como um filho bastardo, que é beijado e afastado. Aquele canto ali deixa de ser tão escuro. Faço de conta que te tenho. Meu coração não é mais tão escuro. Abro os olhos: não respiro. Fecho. Guardo tudo o que criei lá no fundo, para que nada se perca, deixo uma corda para que você chegue até um lugar onde haja luz e sinto a sombra pousando sobre mim. O dia morre, mas era madrugada e ele não nascera de verdade: apenas para mim, naquele refúgio que ergui. Surreal como seu calor fundindo-se ao meu corpo. Falso como aquela esperança e aquela fuga, utópico como sorrir. Tão leve quanto meu corpo e doce, doce de fazer lacrimejar os olhos! O dia continuaria morto, mas eu tinha raios de sol. Não chegariam a brilhar e não eram o bastante para aquecer uma formiguinha que fosse, não, mas estavam guardados. 


The Birth and Death of the Day é uma música da banda Explosions In The Sky.



domingo, 12 de dezembro de 2010

Selos

Fiquei suuuper feliz - e surpresa - com os selos que ganhei da Kênnia e do Pedro Dantas. Quando resolvi que começaria a postar em um blog, há duas semanas, tinha dúvidas até mesmo se alguém chegaria a lê-lo. Saber que há pessoas que se identificaram com o Ultraviolet Days a ponto de oferecer esse reconhecimento e esse carinho me deixa muito contente e é um estímulo para que eu continue. Do fundo do coração, muito obrigada! Aliás, vale a pena conferir os blogs dos dois: Busílis, da Kênnia, e The bottom of the grave, do Pedro. Gosto muito de ambos: os textos são fantásticos!

Então, aqui estão os selos:





Os dois primeiros são dedicados aos blogs que têm a escrita como foco (crônicas, poesias...). O terceiro é para os blogs que a pessoa mais gosta de frequentar. Os três foram presentes da Kênnia e do Pedro.



A Kênnia me presenteou ainda com o Selo de Qualidade e, portanto, devo listar dez coisas sobre mim:

  1. O poeta que mais gosto é Vinicius de Moraes.
  2. Amo línguas estrangeiras e pretendo aprender o maior número possível. 
  3. O ballet clássico ocupa grande parte da minha vida.
  4. I love rock n roll!
  5. Gosto muito de filmes franceses, de preferências aqueles romances bem dramáticos.
  6. Frequentemente, choro assistindo ao jornal na TV.
  7. Amo viajar e quero conhecer todos os cantos do mundo.
  8. Gosto muito de assistir ao pôr-do-sol. 
  9. Tenho mania de achar que as pessoas que acabei de conhecer não vão com a minha cara.
  10. Tenho muito medo da morte.
Esses são os blogs a que dedico os selos:


Não os conheço há muito tempo, até porque sou novata, mas nos últimos dias tenho passeado bastante por aqui e esses blogs me conquistaram de verdade. Todos os autores são muito habilidosos, talentosos e merecem esses selos. E não pude deixar a Kênnia e o Pedro de fora da lista, já que realmente considero o Busílis e o The bottom of the grave maravilhosos. 

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Von

Vazio. Profundo. Sufocante. Constante. Imenso... Pesado: assim o mundo cai sobre minha cabeça. Eu tento ignorá-lo. Mas não é uma coisa qualquer – por Deus! – é um mundo inteiro.  Não obstante, uma vontade de chorar prende-me: é impossível fugir de minhas ânsias. De nada adiantaria correr, gritar, suplicar aos céus. Eu continuaria vítima de tudo que me corrói sem misericórdia, daquilo que eu criei, alimentei e que continuará - enquanto eu também o esteja – vivo (talvez também depois). Amor. Palavra insana! Desvairada! Tira-lhe o alento, a coragem. Torna-te fraco. Oferece-lhe mil delícias, mil sorrisos, tudo que sua alma possa ansiar e joga-te em um pego. Ali, há água à vontade, para saciar qualquer desejo, mas você está sozinho: mais além, tudo é deserto. Esperança. Devaneio! Não há quem possa tirar-te do tal poço tão profundo e, só então é perceptível, gélido. Por vezes, uma cabeça mostra-se lá no alto - de onde normalmente vem apenas chuva e vento – mas esvai-se em segundos, como se fosse mesmo imaginação. Nem rastro da alegria avassaladora de outros tempos. A água está congelada, sua garganta está seca. Esperança. Dislate! Mas ela grita. Grita como se restasse para ser vivido apenas mais um instante, quando na verdade uma eternidade estende-se à frente, faminta de seus desejos, seus sonhos, de qualquer raio do sentir. A esperança debate-se, protesta. Talvez, uma vontade alada leve-te de volta à superfície. O deserto pode ter mudado... Talvez flores convidem-te a caminhar sorridente por qualquer trilha, mas as lágrimas continuarão a cair. Pesarão sobre seus lábios. Algo dentro de você clamará por atenção. Tristeza, ora! De novo, você é vítima de seu corpo. Aqui e ali, tudo pode ser novo. Ainda, você é aquele amor de outrora, aquele que agora é seco. A esperança quis correr por aqueles campos floridos e não olhou para trás... Você tenta respirar o perfume leve do novo mundo que se escancara. Não consegue: a esperança corre rápido demais.